O crescimento da participação do público feminino nos esportes é uma tendência mundial. E nos Fantasy Sports não é diferente
Juliana Pires sempre gostou de futebol. Mas foi com os palpites sobre os jogos de fantasia, ou Fantasy Sports, que ela conseguiu chegar bem longe. A pernambucana de 32 anos é criadora de conteúdo digital, comentarista esportiva e tem milhares de seguidores nas redes sociais, onde é conhecida como “A dona da bola”. Ela é a representação do público feminino que só cresce nos esportes. Segundo dados analisados pela Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS), é uma tendência que não se restringe ao Brasil.
Na Coreia do Sul as mulheres representam 55% dos fãs de esportes profissionais, incluindo futebol, beisebol, vôlei e basquete. Os estádios do país asiático já registram quase 2/3 do público sendo feminino. Nos EUA recentemente houve um acréscimo considerável da audiência feminina na NFL devido, em grande parte, ao “efeito Taylor Swift”. Com um crescimento de 9% em relação à temporada anterior, a liga registrou o maior número de telespectadores do gênero desde que passou a metrificar essa estatística. Sem falar no grande evento que evidenciou o crescimento não só do interesse das mulheres nos esportes, mas também o maior envolvimento nos esportes femininos, foi a Copa do Mundo Feminina de 2023.
Essa crescente participação feminina também é percebida no mundo virtual: dados analisados pela ABFS mostram que 51% do público praticante de jogos eletrônicos é composto por mulheres. E esta realidade se estende para os Fantasy Sports, que são esportes eletrônicos nos quais o competidor se torna técnico virtual de um time igualmente virtual, mas baseado em campeonatos esportivos do mundo real. Funciona assim: cada jogador escala sua equipe de acordo com o que julga ser a melhor estratégia. A tática passa pelo conhecimento do jogador no esporte, pelo entendimento do mercado e habilidades adquiridas. Cada time virtual vai pontuar de acordo com a performance de pessoas e times do mundo real, resultando em pontos que, somados ou subtraídos, vão compor a performance do jogador no ranking geral.
Para a advogada de Regulatory and Public Affairs do Rei do Pitaco e diretora de Relações Governamentais da ABFS, Bárbara Teles, os esportes de fantasia são grandes aliados dos esportes tradicionais em termos de público. E o esporte eletrônico oferece possibilidades que vão muito além dos atributos físicos, um dos fatores que atraem um número cada vez maior de mulheres. “Nos Fantasy você pode ser um treinador virtual, assumindo habilidades cognitivas e estratégias, de análise. Só exige uma preparação. E isso garante também uma promoção do esporte tradicional, pois elas passam a assistir e acompanhar muito mais o esporte tradicional”, explica.
Teles conta que, no ano passado, a ABFS realizou o primeiro Campeonato Brasileiro de Fantasy Sports. E a grata surpresa foi que 58% dos times tinham mulheres entre os jogadores e um destes times foi liderado por uma mulher. “No esporte eletrônico mulheres e homens podem competir entre si. A igualdade de participação é certa pois tanto homens como mulheres detém esta capacidade de análise e podem competir em pé de igualdade. Basta buscar melhores estratégias, analisar o mercado, os jogadores, formar esta habilidade cognitiva”.
Apesar dos bons indicadores, Teles ressalta que ainda há muito o que progredir em um ambiente em que pode parecer predominantemente masculino. “Queremos cada vez mais trazer as mulheres para fazer parte dos Fantasy Sports. É pensando nisso que empresas associadas da ABFS passaram a oferecer times de competições femininas. Isso traz ainda mais visibilidade para o esporte, pois é uma via de mão dupla: as pessoas vão acompanhar mais os esportes praticados por mulheres para que elas possam ter um bom desempenho nos Fantasy”, finaliza.